São 4 horas da manhã, o dia ainda é noite quando eles levantam e partem rumo a kombi que já espera do lado de fora. A sua rotina é outra, como iria me contar mais tarde um deles. Até os hábitos alimentares são outros: o almoço sai as 9h, meio dia já estão comendo o café da tarde. E foi entre o almoço e o café que chegamos a fazenda da dona Rosalina. Os “catadores” de café já estavam trabalhando em marcha forte, mas nossa presença não deixou de causar um reboliço no grupo: “espera um pouco pra começar a gravar que eu vou passar um batom” disse uma das “catadoras” em tom de brincadeira. Um deles, um senhor um pouco mais velho que a maioria do grupo, ficou acompanhando nossa gravação, ensinando passo a passo os processos da colheita do café. Ele que em meio a toda a modernidade do agronegócio, mantém nas pequenas fazendas, como a da Rosalina, um processo totalmente manual de colheita para o café e para o preparo do seu consumo.
Essas pequenas fazendas aparecem, em meio aos oceanos da monocultura de cana de açúcar, como mantenedoras de antigas tradições da região. Tanto no plantio quanto na cultura, Rosalina explica que o custo e o trabalho que ela tem pra manter o café não vale a pena se comparados com o plantio de cana, mas mantém os cafezais, em nome da preservação de uma memória, sua memória afetiva e histórica.
Ainda na prosa que tivemos sobre como era a fazenda antigamente, nesse tempo de recordar e revivificar sua lembranças, ela começa a contar sobre as festas que vinham para a fazenda, folia de reis, e outras manifestações. Conta como as fazendas se preparavam para os festejos e nos diz dos truques que as meninas faziam para dançar com o rapazes que elas paqueravam. Aos poucos estas festas estão parando de vir para as fazendas daqui, conta ela.
Um detalhe importante é que esse papo estava acompanhado de um cheiro delicioso de comida que vinha da cozinha. Pausa para o nosso almoço e para o café da tarde dos catadores, um cochilo na rede para fazer a digestão e depois bora lavar o café...
Um detalhe importante é que esse papo estava acompanhado de um cheiro delicioso de comida que vinha da cozinha. Pausa para o nosso almoço e para o café da tarde dos catadores, um cochilo na rede para fazer a digestão e depois bora lavar o café...
Comida de fazendo é uma delicia!!! batata frita feita na hora, salada de alface e tomate temperado com o limão galego tirado do pé. Ai na hora da digestão rolou aquele colchão no chão, junto com a brisa que vinha do cafezal e os gracejos dos filhotes de vira-lata, que não sabiam se brincavam ou se corriam.
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