Magalini é bem antigo no grupo, participa desde o início em 1994. Ele gosta muito de encenar personagens de época e acha que estar no grupo de cinema de Brodowski é uma terapia, pois lá ele esquece de todos os seus problemas e se dedica inteiramente aos personagens que representa.
No seu dia a dia Magalini tem uma "perua-kombi" que leva toda a criançada da região para a escola. Ele acorda bem cedo (em torno de cinco horas da manhã) para pegar crianças em fazendas e sítios mais distantes e levar para a escola. Ele gosta muito dessa atividade pois vê o sol nascer todos os dias na companhia de crianças alegres a saudáveis, como ele mesmo diz.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Nina
(foto: Raquel Rotta)
Nina é uma adolescente que gosta muito de falar ao telefone com as amigas (até mesmo quando esta nas filmagens). Ela quer fazer faculdade de teatro ou psicologia (ainda esta na dúvida). Ela faz a personagem principal do filme Amargo Regresso e em seu dia a dia é estudante assídua e dedicada.
Zé Carlos
(Nessa fotografia Zé Carlos aparece ao lado de Seu Clóvis treinando sua fala para a gravação de uma das cenas do filme)
Segundo o pessoal do grupo, Zé Carlos é o galã principal do filme, pois além de ser o mais novo, Zé tem um olhar que "seduz até o câmera man". Ele interpre o Saul, personagem principal do filme Amargo Regresso, e, que com seu charme, (mas nenhum escrúpulo) seduz a jovem cunhada Nina. Ele gosta muito de fazer churrasco, pescar e tomar suas "biritas".
Mith
(foto: Raquel Rotta)
Mith é o diretor do filme Amargo Regresso, ele nos diz que se sente filho do cinema e explica que na sua vida tudo se deu "na porta do cinema": a primeira namorada, a primeira paixão pelos filmes, as brigas com os outros rapazes da época. Por isso, Mith acha que se criou junto com o cinema, desde criança até hoje. Ele sente saudade do tempo em que as pessoas se arrumavam todas para irem ao cinema, com paletós, gravatas e vestidos longos. Ele gosta muito da Audrey Hepburn, da Marilyn Moroe e de filmes de detetives. Mith era bancário em Brasília e atualmente esta aposentado.
As crianças
(fotografia: Raquel Rotta)
Volta e meia aparecem nas filmagens algumas crianças que atuam como figurantes, ou como os personagens principais em seus tempos de infância. São netos ou sobrinhos do pessoal do grupo. Na ocasião do dia dessa filmagem, o Mith preparou uma cena com brinquedos característicos da época do filme Amargo Regresso (1930), como estilingue e espingardinha de chumbo.
Seu Cadamuro
(fotografia: Raquel Rotta)
Seu Cadamuro gosta muito de participar dos eventos culturais da cidade. Ele é "puxador" de quadrilhas em festas juninas e organiza festas folclóricas. Nos disse que gosta de inventar frases para puxar as quadrilhas, pois acha aquelas frases de "olha a chuva" "é brincadeira.." muito bobas. Ele gosta de provocar os pares da dança e observar a reação do pessoal. Ele também não gosta muito da câmera, pois a acha estranha, como uma coisa que para a gente no tempo. Além de ser puxador de quadrilha seu Cadamuro tem o título de cidadão da cidade de Brodowski pela sua constante participação e auxílio em vários eventos que ocorrem na cidade. Ele é o integrante mais velho do grupo (de idade) e atualmente esta com 85 anos.
Seu Armandinho
(Fotografia Raquel Rotta)
Seu Armando, mais conhecido como Seu Armandinho, gosta muito de contar piadas, imitar atores famosos e fazer brincadeiras, que, como ele mesmo diz, são "estripolias com o povo". Ele gosta muito de levar as pessoas para conhecerem lugares novos. Muito bem disposto costuma a dizer que apesar da sua idade ele se sente "com o coração de muleque", pois gosta muito de jogar futebol e soltar pipas com os netos. Ele vive "pra lá e pra cá" trabalhando. No seu dia a dia Seu Armandinho trabalha como pedreiro e já tem uma lista de espera para fazer as casas da cidade, pois é muito "bem quisto" e conversa com todo mundo. No cinema da cidade, ele diz que gostaria de ter papéis mais importantes, ou até mesmo o principal, porque gosta muito de ser ator e se dá bem com todo mundo.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Dona Aureni
Dona Aureni é conhecida pelo grupo como a Dercy Gonçalves de Brodowski. Todos a consideram muito alegre, animada e desbocada. Ela diz aquilo que tem vontade de dizer e não se constrange com as censuras dos colegas do grupo. Diz só ter se aproximado do cinema após a morte de seu marido, que era muito ciumento e possessivo e não a deixava fazer nada. Ela vê no cinema uma possibilidade de ser pessoas diferentes do que ela já foi ou é, pois cada personagem é como uma nova aventura a ser vivida. No seu dia a dia Aureni trabalha em casa e adora fazer quitutes para os familiares e para os amigos do grupo de cinema.
Seu Clóvis
(Fotografia Raquel Rotta)
Seu Clóvis é um dos membros mais antigos do grupo, comparecedor assíduo de todas as reuniões e ensaios, ele é conhecido por sua grande habilidade em interpretar e declamar poesias. Seu ator favorito é o Lima Duarte, com o qual se identifica de forma extremamente afetiva, pois, segundo ele, Lima Duarte nasceu na mesma cidade de alguns de seus parente. Seu Clóvis gosta muito de conversar, contar histórias de fazenda (de quando era menino) e falar sobre filmes de bang-bang, que é o gênero que ele mais aprecia no cinema. No dia a dia seu Clóvis trabalha numa loja de assistência técnica para eletrodomésticos (especialmente geladeiras, que é sua maior demanda) da qual também é proprietário. O cinema em sua vida, segundo nos disse, é uma grande paixão, encenar é para ele uma realização de seus desejos.
terça-feira, 6 de abril de 2010
E tudo começou assim...
(Fotografia: Raquel Rotta)
A idéia do documentário surgiu a partir do convite de uma amiga para assistirmos a estréia do filme “Sementes do Mal”, que aconteceu em um pequeno salão alugado, situado em Brodowski, cidade do interior paulista. Brodowski é uma cidade de aproximadamente 20 mil habitantes, simples, com um legado cultural muito importante: Cândido Portinari nasceu e iniciou sua carreira como pintor lá, o que é motivo de orgulho para toda a cidade, que ainda mantém viva a memória do artista através do Museu Casa de Portinari.
“Sementes do Mal” é o 10º longa-metragem produzido na cidade. Assistindo ao filme, nossa primeira surpresa se deu, quando nos demos conta, de que o mesmo senhor que nos ajudou a estacionar o carro, e que também estava tomando conta da portaria do salão, era um dos atores principais. No local viam-se pessoas simples (a maioria atores do filme) fritando salgadinhos e distribuindo refrigerantes. Não havia uma separação clara entre a tela de exibição, as pessoas que circulavam no salão e a fumaça do tacho onde os salgadinhos eram feitos. Tudo se apresentou com uma naturalidade tão grande, que nos fez perceber um novo modo do cinema estar envolvido na vida das pessoas, e, logo assim, desta forma tão peculiar.
Era algo extremamente leve, que nos tocou tanto pelo modo como era feito, como pela proximidade com a qual fomos incluídos. O envolvimento afetivo parecia emanar de todos que estavam presentes. Nos sentimos acolhidos imediatamente.
Com a exibição, víamos as pessoas apontarem para a tela, reconhecendo seus amigos e parentes, o que parecia muito divertido pelas risadas e pelo clima alegre, quase cômico, que havia se instaurado no salão. A cidade assim se identificava na tela, e nós nos identificávamos com as relações ali compostas – em uma atmosfera onde o fazer cinema é ponto de convergência destes afetos.
O grupo de Brodowski é composto em sua maioria por senhores com mais de sessenta anos, amantes dos antigos cinemas westerns e dos grandes clássicos do cinema mundial. Mith, diretor do filme, diz que fora muito influenciado pelo cinema noir americano e por outros cinemas de detetives e crimes. Em Brodowski, ainda segundo Mith, eles tentavam fazer algo parecido com isso. Curiosamente, sempre havia muitas cenas de humor até o desvendamento do enigma se dar. Parecia ser a marca do grupo: olhar as coisas com bom humor e fazer as pessoas se divertirem.
Nos demos conta de que tinhamos sido testemunha de um "cine artesanal", alegre e leve, que na contra partida de toda a glamourização em torno do cinema, nomeava a si próprio como "cinema caipira" e fazia questão de colocar em sua simplicidade a força principal do grupo. A partir desse encontro nos ocorreu a idéia de fazer um documentário sobre essa forma "descontraída" e apaixonada de realização audio visual.
“Sementes do Mal” é o 10º longa-metragem produzido na cidade. Assistindo ao filme, nossa primeira surpresa se deu, quando nos demos conta, de que o mesmo senhor que nos ajudou a estacionar o carro, e que também estava tomando conta da portaria do salão, era um dos atores principais. No local viam-se pessoas simples (a maioria atores do filme) fritando salgadinhos e distribuindo refrigerantes. Não havia uma separação clara entre a tela de exibição, as pessoas que circulavam no salão e a fumaça do tacho onde os salgadinhos eram feitos. Tudo se apresentou com uma naturalidade tão grande, que nos fez perceber um novo modo do cinema estar envolvido na vida das pessoas, e, logo assim, desta forma tão peculiar.
Era algo extremamente leve, que nos tocou tanto pelo modo como era feito, como pela proximidade com a qual fomos incluídos. O envolvimento afetivo parecia emanar de todos que estavam presentes. Nos sentimos acolhidos imediatamente.
Com a exibição, víamos as pessoas apontarem para a tela, reconhecendo seus amigos e parentes, o que parecia muito divertido pelas risadas e pelo clima alegre, quase cômico, que havia se instaurado no salão. A cidade assim se identificava na tela, e nós nos identificávamos com as relações ali compostas – em uma atmosfera onde o fazer cinema é ponto de convergência destes afetos.
O grupo de Brodowski é composto em sua maioria por senhores com mais de sessenta anos, amantes dos antigos cinemas westerns e dos grandes clássicos do cinema mundial. Mith, diretor do filme, diz que fora muito influenciado pelo cinema noir americano e por outros cinemas de detetives e crimes. Em Brodowski, ainda segundo Mith, eles tentavam fazer algo parecido com isso. Curiosamente, sempre havia muitas cenas de humor até o desvendamento do enigma se dar. Parecia ser a marca do grupo: olhar as coisas com bom humor e fazer as pessoas se divertirem.
Nos demos conta de que tinhamos sido testemunha de um "cine artesanal", alegre e leve, que na contra partida de toda a glamourização em torno do cinema, nomeava a si próprio como "cinema caipira" e fazia questão de colocar em sua simplicidade a força principal do grupo. A partir desse encontro nos ocorreu a idéia de fazer um documentário sobre essa forma "descontraída" e apaixonada de realização audio visual.
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